quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Costureiras e Sulanca movem Caruaru


Estarei postando durante uma semana as minhas matérias que estão na Revista Cores & Fios, que foi o meu trabalho de conclusão da graduação em Jornalismo, aprovado com nota máxima. O trabalho foi apresentado no dia 01/12/2010 na Faculdade do Vale do Ipojuca - FAVIP, com minhas amigas Flávia Marially e Lylian Nascimento, com orientação da professora Iraê Mota e diagramação de Johnny Pequeno. A Cores & Fios é uma revista de moda que tem como foco a moda Caruaruense.

Cores & Fios 1º Edição - Modelo de capa: Ingrid Cibelle

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Matéria de capa




Costureiras e Sulanca movem Caruaru


De um lado, costuras perfeitas, preço alto, caimento ideal, grandes volumes e exclusividade. Do outro, produção em série, preço baixo e muita, muita fama. Da perfeição de quem faz costura em ateliês e o grande espaço para vender as peças produzidas para a Feira da Sulanca. Como Caruaru consegue lidar com esse duelo?

Os ateliês vazios em algumas épocas do ano e feira lotada quase o ano todo. O que deve ter acontecido para que o costume de ir a costureiras fosse trocado por ir à feira e lojas comprar roupas prontas para vestir? Hoje, a velocidade do mercado no setor de vestuário é muito rápida, a exigência de maior quantidade de peças em menos tempo é o ideal das empresas e confecções, mesmo que pequenas.

O designer e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Charles Leite explica que essa troca de atitudes é decorrente de uma profissionalização no setor. “O mercado exige uma estrutura diferente daquilo que se fazia antigamente. É como se vivêssemos uma nova revolução industrial, onde as empresas e os profissionais estivessem cada vez mais alinhados aos sistemas de produção em massa”, analisa. As costureiras, por sua vez, fabricam menos peças, mas, como continua o professor Charles, “se uma empresa, mesmo que informal, não atinge um volume mínimo de vendas, ela está fadada ao insucesso ou fracasso”.




Um pouco de história


Antigamente, quando as roupas obedeciam a um padrão, diferenciadas por serem masculinas e femininas, não existiam opções, mas sim elementos que mostravam o poder que cada um detinha, ou seja, a posição social que o indivíduo ocupava. Assim, como diz a história do vestuário, começaram a surgir, no período da Idade Média, as variações de roupas, quando os burgueses começaram a imitar as vestimentas dos nobres. E os nobres, por sua vez, começaram a produzir roupas cada vez mais, a isso deu o surgimento da moda, como caráter de mudança, de diferenciação.

O ponto chave nessa história é que as roupas eram feitas todas por encomenda em costureiras e alfaiates, não existia o que chamamos de “prêt-à-porter”, em português, “pronto pra vestir”, que são as roupas produzidas em série.

A dona de casa Maria Olivia nasceu em 1931, na época em que o homem começava a viver grandes descobertas na ciência e tecnologia. Hoje, com uma bagagem de 79 anos de experiências, ela consegue enxergar as mudanças que ocorreram no modo de fazer vestuário em Caruaru. “Tudo mudou. Eu já fui costureira no tempo em que as roupas eram feitas à mão usando agulha e linha. Costurava pra mim e pra fora, fazia calças, vestidos e até roupas intimas todas à mão. Também tive a oportunidade de usar a máquina de costura, que manuseávamos com a mão e depois com os pés. Hoje tudo é mais fácil, eu me espanto cada dia e sou feliz em poder ainda ver essas mudanças acontecerem”, revela.

O que Maria Olivia observa diz respeito ao surgimento de processos e maquinários que aumentam mais a produção e aceleramento da mesma. Por isso, atualmente, mandar fazer roupas é opção para pessoas que desejam se diferenciar pela exclusividade e caimento da peça e que podem esperar para elas ficarem prontas, pois o comportamento do consumidor moderno é comprar a roupa no dia da festa.




Costureiras em Caruaru


Em Caruaru, a prática de mandar fazer roupas já foi constante. Após o surgimento das confecções e indústrias, essa atitude deixou de ser frequente, ela volta a aparecer apenas nos períodos de festas de formatura e casamentos. A mania do momento é tirar os modelos da internet, as clientes acessam os sites e levam para as costureiras. O que acontece é uma cópia de uma moda que já existe, isso ocorre também com modelos tirados de novelas, filmes, celebridades e vitrines de lojas de grandes marcas.

Joyce Almeida, 28 anos, manda fazer roupas para casamentos e formaturas, o motivo da preferência é por poder levar o modelo que quer. “Eu gosto, pois mando fazer o modelo de minha escolha. Sempre fico satisfeita com o serviço das costureiras.”

De acordo com a costureira Maria Marilac, de 44 anos, que trabalha há 30 anos com essa profissão, os modelos das roupas são elaborados de duas formas. “Existem clientes que já trazem o modelo e outras que me perguntam o que veste melhor, daí eu sugiro o modelo ideal para cada corpo. As pessoas veem um modelo na revista e acham que vão ficar igual, então, como já tenho experiência no assunto, ajudo cada pessoa conforme a necessidade”, explica.

Mas será que ainda é possível viver de costura, Caruaru sendo dona da Feira da Sulanca e do Polo Comercial? Marilac responde que sim, e muito bem. “Faço a quantidade de roupas que eu quiser e sempre tenho um bom dinheiro. Minha costura tem alto padrão, então não é todo costureiro que consegue fazer o meu trabalho, isso valoriza o que faço e ainda por cima torna meu trabalho qualificado."


A Feira da Sulanca e o Polo de Confecções


De acordo com o censo econômico do Sebrae, o Polo de Confecções, que inclui as cidades de Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru, tem 70 mil máquinas, abrange 78 mil operadores e produz em torno de 200 milhões de peças de roupas por ano. Caruaru possui significativa participação nessa produção por possuir a Feira da Sulanca, que incentiva a economia da cidade.

Segundo o historiador José Urbano, a feira tem uma importância extraordinária para a economia do Estado e particularmente de Caruaru. “Isso ocorre em razão de não necessitar de mão de obra especializada, absorver o mercado informal, movimentar todos os setores da economia (primário, secundário e terciário), envolver grandes somas de dinheiro semanalmente, fortalecer a arrecadação municipal e pela facilidade de escoamento da produção alcançar todos os Estados do Nordeste e em alguns casos transpor as fronteiras geográficas dessa mesma região. Classifica-se na categoria popular, consumida por um público das classes C e D, mostrando a força da nossa cultura nos aspectos de cores, design e modo de vida”, explica.

Walquiria Silva, 22 anos, compra roupas na feira por fazer parte da cultura local, mas destaca alguns problemas. “Tem o problema da cópia e que ‘tudo’ que tem em um banco tem em outro. Algumas roupas possuem bom acabamento, enquanto outras se descosturam facilmente ou não tem modelagem. Então a maioria das roupas que compro é para usar em casa e ir à praia.”

As pessoas que fabricam as peças para vender na feira usam essa profissão como única para o sustento da família, algumas delas não têm conhecimento de como contribuem para o crescimento da cidade e que são produtoras de moda, mesmo que ainda sem especialização. A comodidade, pouca criatividade e questões relacionadas à qualidade e caimento levam à desvalorização do trabalho. Muitas das roupas produzidas são cópias de modelos de novelas ou de grifes famosas. O que chama bastante atenção é que muitos dos fabricantes não sabem o que significa moda.

Julia Santos, 42 anos, e Zilda Maria, 40 anos, são donas de fábricas de camisas e bermudas, respectivamente. Elas vendem as peças na Feira da Sulanca. Quando questionadas se vendiam moda, as duas, em entrevistas distintas, tiveram a mesma resposta, sem saber o que significa responderam que vendiam todo ano. Isso mostra como o perfil de inovador não faz parte delas, elas vendem o mesmo modelo o ano todo.

Caruaru, com o potencial que tem e reconhecida pelo que fabrica, pode se tornar melhor, com o investimento em minicursos para quem trabalha nesse setor, com palestras e estratégias de negócio, como outras formas para incentivar e consequentemente promover mais o crescimento pessoal de cada um e da cidade. Uma das características da moda é a mudança, por isso se faz necessário esse novo perfil de atuação na cidade.

Beijos e até a próxima postagem!
Dani Rolim

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O que é moda?

Infinitas dúvidas nos rodeiam o tempo todo!


Quando entrei na Universidade pensava que moda era apenas roupa, assim como eu, devem existir muitos que pensam dessa forma. Que moda é roupa e ponto final. Mas com algumas disciplinas e disposição para entender o processo fui descobrindo o grande mundo fascinante que ela é.

Vamos ao significado e algumas características:

A palavra moda “[...] vem do latim modus, significando ‘modo’, ‘maneira’.” (PALOMINO, 2003, p.15), ela “[...] gera empregos, porque é uma indústria, e, como tal, obriga à renovação, ao consumo e, portanto, à circulação de dinheiro” (COBRA, 2007, p.23) é “[...] um sistema que acompanha o vestuário e o tempo, que integra o simples uso das roupas no dia-a-dia a um contexto maior, político, social, sociológico.” (PALOMINO, 2003, p.14).
Assim entendemos que falar de moda é muito mais do que falar de roupa, ela é comportamento, jeito de ser e ver o mundo, comunicação e significados. Coaduna-se com essas reflexões Marta Feghali (2008, p.22) quando ressalta que “Na cultura industrial, o vestuário e cada uma de suas peças, tanto quanto os eventos a eles ligados, serão reconhecidos e percebidos, tendo sido seus discursos previamente significados num processo social de comunicação”.

Moda é comunicação. As pessoas se vestem para comunicar, para transmitir uma mensagem sobre si ou aquela que deseja ser. Essa é uma das faces da moda mais encantadora que eu destaco.

Veja essa imagem:


A mulher sem roupa, acessórios, sem falar, brutamente em um espaço vazio, sem nada que pode falar sobre ela, fica difícil de definir.

O que fica escondido em relação à moda, muitas vezes, é como ela completa o quadro histórico das sociedades, isso porque ela reflete costumes e hábitos do modelo de organização social. De acordo com Crane (2006), a escolha do vestuário propicia um excelente campo para estudar como as pessoas interpretam determinada forma de cultura para seu próprio uso, ou seja, só consumimos aquilo que consideramos ser do nosso estilo, nós formamos grupos ou entramos no que já está formado!


Referências:

COBRA, Marcos. Marketing e Moda. São Paulo: Senac São Paulo; Cobra Editora e Marketing, 2007.

CRANE, Diana. A moda e seu papel social: classe, gênero e identidade das roupas. Tradução Cristina Coimbra. São Paulo: Senac São Paulo, 2006.

PALOMINO, Érika. A Moda. 2.ed. São Paulo: Publifolha (folha explica), 2003.

Imagens disponíveis em:

http://www.clubedacalcinha.com.br/blog/wp-content/uploads/2010/11/duvida.jpg

http://www.opperaa.com/userfiles/image/moda/2009/09/pense_moda.jpg


Beijos e até a proxima postagem!
Dani Rolim

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O motivo

Fazer a primeira postagem tornou-se pra mim uma tarefa nada fácil. As palavras que escrevo transmitem um pouco do nervosismo, ansiedade e satisfação que sinto. Por isso pra primeira de tantas outras postagens que desejo realizar, optei por falar não sobre moda ou jornalismo de moda, mas fazer diferente como se, por exemplo, fosse o primeiro encontro, em que eu munida de tantas sensações tentasse conquistar o outro (leitores) e explicar um pouco de mim (do blog).
Para começar menciono o motivo da criação desse blog, para os que me conhecem a cobrança dessa realização foi constante, para outros eu demorei muito para fazer. Explico agora minha demora! Ao analisar tantos blogs destinados a moda, percebi como ela é tratada muitas vezes tão superficial e limitada a fotos de combinações que sugerem ao leitor a maneira certa de se vestir. Então qual seria o diferencial do pauta de moda? Falar de moda de maneira jornalística, não focar em desfiles ou falar qual roupa você vai usar, mas tratar a moda como uma ferramenta social, ela da mesma forma que a educação, saúde, política, economia, entre outros temas também faz parte da nossa vida, muito mais do que imaginamos, ela é presente em todas as partes, incluindo na cidade de Caruaru, onde o setor modista é imenso, mas o conhecimento sobre o que vem a ser moda ainda é precário.
O meu interesse por jornalismo de moda não veio da infância, não teve quem incentivou, ele foi construído aos poucos tendo inicio quando entrei para os cursos de Jornalismo e Design ao mesmo tempo, eu encontrei uma forma de unir os dois, ainda é impossível pra mim dizer de qual gosto mais.
Minha função aqui não é ter respostas, mas debater as perguntas que escuto todos os dias incluindo as infinitas que tenho, assim, minha função também é aprender, questionar, refletir.
Estarei aceitando sugestões de assuntos para tratar aqui.

Beijos e até a próxima postagem!
Dani Rolim