quinta-feira, 28 de abril de 2011

Quintas de moda com Walter Rodrigues e as costureiras de Quipapá





Quintas de moda é um projeto da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no Centro Acadêmico do Agreste (CAA), que como o próprio nome diz acontece nas últimas quintas de cada mês e conta com a presença de palestrantes para debater sobre moda. Hoje, o Quintas trouxe o Designer de Moda Walter Rodrigues que tem 18 anos de marca.

A troca de informações aconteceu hoje (28/04/2011) no auditório do CAA às 10h e contou com a participação de estudantes do curso de Design e professores.

A palestra foi um sucesso e Walter transformou a ocasião em um grande bate-papo sobre sua atuação no projeto Pernambuco com Design que acontece há um ano e seis meses com as costureiras do município de Quipapá.

Eu destaquei algumas falas dele como bem interessantes. Uma delas é que ele relatou a moda como meio de mensagem, como sou fascinada por essa área de moda como comunicação eu fiquei atenta a cada detalhe dele. Então, ele falou que moda é mensagem no sentido que ela passa informação, quando perguntado qual o publico dele, a resposta foi que são mulheres que entendem a linguagem dele, a sua identidade. Eu percebo isso quando você veste uma roupa de marca, você quer mostrar, você adquiriu aquela peça e os conceitos atribuídos a ela.

Walter colocou “Tudo é vivo”, quando se referia ao trabalho realizado com as costureiras, eles transformam tecidos, provocam a criatividade, transformam expressões artísticas em produtos.

Para Walter, beleza não é sofrimento, não tem quem fique com carinha bonita se não estar confortável, pra ele conforto é fundamental e costura é disfarçar o que tem para esconder e valorizar o que ainda não foi valorizado.

Ele ainda falou sobre a moda Brasileira e Pernambucana, que as pessoas têm preguiça de pensar nas peças preferem copiar, preguiça de procurar elementos para retratar o conceito, alguns usam animais nas estampas para mostrarem que é uma coleção brasileira ou pernambucana, na concepção dele um tipo de costura, por exemplo, já pode simbolizar aquela cultura.

E para fechar essa postagem eu quero terminar com a parte que eu digo que foi algo novo pra mim, quando ele falou que logo logo as estações do ano não vão existir devido aos ar condicionados, pois eles estão em todas as partes e dessa forma não tem como pensar em uma coleção de verão sem um elemento do inverno, não tem como pensar em uma coleção do inverno sem uma blusa sem manga.

É isso!

Beijos e até a próxima postagem!
Dani Rolim


Fotos: Daniele Rolim

domingo, 10 de abril de 2011

A moda faz você

Nem todos têm acesso a sua casa para perceber os bens que você possui, como os móveis estão dispostos, o que você come, se a pintura da casa combina ou não. Mas todos podem te ver na rua e notar o que você está vestindo, o corte do cabelo, o sapato, a bolsa, os acessórios. Assim, andando na rua você passa muitas informações sobre você mesmo, pois os outros te percebem, o que você usa e faz diz muito sobre você.

Os produtos de moda mostram quem você é ou como quer que os outros te vejam, por isso a preocupação em “estar na moda” é tão notável entre as pessoas. A moda compara as pessoas, ela inclui o indivíduo em determinados grupos e ainda pode individualizar por seguir um estilo.

Acabamos sendo o que possuímos. Usando tais produtos, os outros podem identificar nosso gosto, os valores e o status que temos. Consumir nunca esteve tão na moda como atualmente, mas não pelo fato de consumir simplesmente, e sim pelo que aquele produto vai trazer para você.

Na moda não se cria necessidade, mas desejo. O excesso é essencial para o ser humano existir. Vivendo nesse momento, a moda encontra um vasto espaço para se manter viva na sociedade por tempo indeterminado.

A moda não se limita ao vestuário, ela transforma as pessoas, cria ideias e comportamentos. É política, é economia, é comunicação. Ela acompanha o tempo e as modificações da sociedade.

Você precisa dela e ela de você. Quem não gosta, não pode evitá-la, pois está estampada nas vitrines, nas casas, no carro, nas universidades e, principalmente, na mídia que a traz para mais perto de você.

Beijos e até a próxima postagem!
Dani Rolim

quinta-feira, 24 de março de 2011

Cultura do Copismo

Quando assistia aula de Introdução à pesquisa em moda ontem, um tema muito interessante foi levantado por um grupo de alunos. Eles falavam da moda Caruaruense que ainda precisa e muito encontrar uma identidade própria. E eu com minhas horas do dia lotadas de trabalhos de design, encontrei um tempinho para discutir sobre esse assunto aqui no Pauta de Moda e que é um dos tópicos que levantarei na minha monografia de Design que se Deus quiser será apresentada em dezembro.

Bom, vamos aos fatos. Caruaru é rico no setor têxtil, mas alguém já passando pelo centro da cidade ou pelo Pólo Comercial fez comparação das vitrines? Se não fez, faça isso, vocë notará que a maioria delas seguem um padrão, ou seja, elas se parecem, é como se todo mundo frabricasse as mesmas peças, a mesma modelagem, a mesma estampa, o mesmo preço.

Outra coisa bem comum é saber que o que é moda nas novelas vai estar nas lojas de Caruaru, são cópias e mais cópias e nesse quadro onde fica o designer de moda? Fora do mercado! Pois essa cópia vende e vende muitooo. Se vende, os donos das lojas irão mudar o processo? Não. E Caruaru vai continuando assim, sem moda criativa e original. É claro que não são todas as lojas e também não são todos que compram. Mas se vende, tem público. Temos que levar em consideração que as pessoas estão buscando informações e estão mudando e essas empresas devem seguir seu público.

Ano passado eu entrevistava uma dona de uma fábrica aqui na cidade para o meu trabalho de conclusão de curso de Jornalismo e uma das perguntas era o que é moda, e ela respondeu que vendia o ano todo, para ela a moda é o produto que vende o ano todo. Fiquei ainda mais surpresa quando ela me afirmou que tirava o modelo das roupas da televisão e de pessoas andando na rua, o que ela gosta ela copia. Não com essas palavras, mas usando outros termos os outros três entrevistados mencionavam a mesma coisa.

Na minha opinião falta profissionais atuando nessas empresas, pessoas que contribuam para o sucesso do negócio e que conseqüentemente contribua para Caruaru se tornar conhecido pela sua moda.

Beijos e até a próxima postagem!

Dani Rolim

sábado, 12 de março de 2011

Por que a moda muda?

Gastamos tanto tempo escolhendo roupas, provando, fazendo combinações, além do tempo gastamos dinheiro. Qual o motivo para fazermos isso? Eu encontrei a resposta lendo alguns livros, mas para uma melhor fundamentação e mais próxima de nós, vou citar uma situação comum que já deve ter acontecido com muitos:

Quando estamos andando em algum lugar movimentado, você já viu alguém te olhar da ponta do pé até a cabeça? A resposta com certeza deve ser sim. Você meio sem jeito fica procurando em si algo errado ou então pensa “o que essa pessoa tanto olha, o que será que ela perdeu aqui?”. Bom, isso já aconteceu comigo e não acho nada agradável, mas você já parou pra pensar que essa atitude das pessoas afirma ainda mais que a sociedade é distinta, que existe competição e inclusive imitação. Esses são uns dos tantos aspectos da nossa sociedade e também da moda.

Uma das características do ser humano é ser percebido e muitos de nós deseja muito a exclusividade, isso eu me refiro a moda, mas também a quase tudo na nossa vida. Isso não é egoísmo, é apenas mais uma conseqüência da sociedade que vivemos que nos manipula ao consumo.

Como a moda é ligada ao desejo e satisfação do homem, ela tem que mudar da mesma forma que mudamos. Quando a moda atinge seu ápice ela tem que mudar, pois o individualismo vai querer aparecer e a busca pelo novo também.

Por isso a moda é passageira e intensa.

Se gastamos tempo e dinheiro com roupas, acessórios, sapatos, objetos, entre outros objetos de desejos, nós depositamos nele o nosso desejo satisfeito. Se uma pessoa possui o que você deseja despertará a imitação, mas se muitas outras possuem despertará o gosto pela novidade.

Da próxima vez que alguém te olhar dos pés a cabeça, das duas uma, ou deve ter algo errado mesmo com você ou você possui o que aquela pessoa deseja.


Referência: POLLINE, Denise. Breve história da moda. Editora Claridade, São Paulo, 2007.


Beijos e até a próxima postagem!
Dani Rolim

terça-feira, 1 de março de 2011

Moda nas instituições de ensino superior de Caruaru

MATÉRIA DE CAPA



Quem nunca escutou as frases: “Aquela faculdade é um desfile de moda” ou “As pessoas vão estudar parecendo que vão à praia”. Essas expressões são comuns nos discursos dos jovens estudantes de Caruaru. Cada um obedecendo ao estilo próprio, eles formam um universo de representações que podem ser notados por todos.

Havaianas nos pés e mochilões nos braços, salto alto agulha e maquiagem impecável. Esses são os diferentes conceitos dados a quem estuda nas cinco principais instituições de ensino superior de Caruaru. Individualmente, cada estudante é de um jeito, mas, juntos, eles conseguem formar identidades.

Antes de optar por fazer um curso superior, os alunos tiveram que passar por colégios e escolas, sejam públicas ou privadas, que os ordenaram a vestir fardamentos que os tornavam iguais, como diz a professora Andrea Costa, mestre em Desenvolvimento de Processos Ambientais. “No momento em que os alunos estão frequentando uma instituição de ensino, um dos elementos de identificação e de uniformização, capaz de tornar todos os indivíduos iguais perante o julgamento da moda, é o fardamento”, explica.

Ao entrarem na graduação, os alunos não querem mais se igualar, as “leis” que tinham nas escolas são abolidas e abrem espaço para construção de imagens individuais ou de grupos. A primeira liberdade concedida é na maneira de se vestir, a segunda na de se comportar, como, por exemplo, sair da sala sem pedir permissão ao professor.

A respeito disso a professora Andrea Costa menciona: “Seja em instituições de ensino pública ou privadas, o vestuário também poderá passar
conceitos subjetivos e intangíveis, elevando o status ou tornando um elemento discriminatório pelo pré-julgamento do vestuário. Tudo isso está muito ligado ao fator simbólico do vestuário”, conclui.

Isabella Morais (22) é estudante do curso de Design da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ela comenta sobre como vê o comportamento dos estudantes. “De forma geral, observo um comportamento jovial nos estudantes da UFPE. Há exceções, mas são ínfimas diante da maioria. Ressalto que jovialidade é diferente de juventude. Não sei ao certo como ou porquê, mas vejo no ambiente universitário lugar propício pra esse tipo de comportamento mesmo com as variáveis da faixa etária”, afirma.

A UFPE é a que lida com o maior número de comentários, não se sabe se é por ser uma universidade grande, pública e com nome reconhecido, que os estudantes dela são vistos como “largados”, com estilo básico e diferenciado. “São pessoas que muitas vezes passam o dia inteiro fora de casa, por isso buscam o conforto seja com as ‘havaianas’, rasteiras diversas, ou com os ‘all stars’; estão sempre com bolsas imensas - maxibolsa ou mochilas - como se pudessem carregar o seu universo. São irreverentes e sérios, são diferentes e inconsequentes, são meninos e meninas que se destacam, que se perdem na multidão; não há um modelo, porque não há padrão, e se porventura houver, está ‘despadronizado’”, explica Isabella.

Semelhante à UFPE está a Universidade de Pernambuco. Andressa Rebecca (21), do curso de Administração com ênfase em Marketing de Moda, também concorda que a vida de estudante é corrida. “A maioria dos estudantes da UPE trabalha de dia e estuda à noite, portanto, o estilo dos alunos é mais despojado, sempre confortável, mas sem deixar de lado a vaidade. Nós usamos jeans, vestidos soltos, bolsas grandes e batinhas”, completa.

Nas faculdades particulares, o fator econômico é uma das possibilidades de resposta às perguntas sobre o motivo que leva os estudantes a se arrumarem tanto para assistir às aulas. No caso da Faculdade do Vale do Ipojuca, a localização da instituição, que fica no North Shopping, poderia ser uma hipótese, já que ir a esse lugar pede um comportamento visual e comunicativo mais elaborado.

A estudante de Publicidade e Propaganda Sayonara Carvalho (20) destaca que os estudantes da Favip têm um estilo mais comportado. “São pessoas espontâneas, interessadas, comprometidas e totalmente interativas para poder se relacionar da melhor maneira possível com todos; eles vestem roupas casuais e comportadas (calça, blusa, sandália/sapato) por se tratar de uma instituição de ensino superior”.

Na mesma linha da Favip anda a Associação Caruaruense de Ensino Superior (Asces) e a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru (Fafica). Na Asces, segundo Rianny Vieira (20), estudante de Fisioterapia, só em entrar em um ambiente de estudo, as pessoas devem ter um comportamento mais sério, voltado para a nova realidade, para ela isso também vale para a maneira de se vestir. “A maioria se veste pra impressionar, tudo muito elegante, roupas finas, saltos, mas existe também quem se vista à vontade, do seu jeito, shorts, sandálias, bem à vontade”. Já na Fafica, Emanuela Iarla (22) admite que o estilo da instituição varia muito. “Visto o que for de acordo com a ocasião, desde o básico, uma calça e blusa, até vestido longo”.

Observando essas instituições localizadas em Caruaru, é possível perceber como a moda é presente mesmo quando os alunos estão assistindo à aula ou mencionam o lugar que estudam, eles estão comunicando um pouco de si e um pouco da própria moda. O jeito de ser está diretamente ligado ao que fazem e onde fazem.

Assim, não existe um padrão nas instituições, elas mantêm relações entre si no que se refere à postura e diversidade de estilos. O “não” para eles foi extinto, abrindo lugar a uma geração de jovens estudantes criativos que podem “tudo”, desde que não fuja do estilo próprio de cada um.


Foto: Daniele Rolim


Isabella Morais – Estudante de Design na UFPE

“Mas o que é ‘comportamento’? Modo de comportar-se, procedimento. Assim, aproveito o ensejo e respondo: na universidade, o estilo de vida e o jeito de falar, entre outras coisas, refletem uma imensa pluralidade, afinal, são pessoas de vários lugares, com referências culturais diferentes, entretanto, ao mesmo tempo, são tão iguais por compartilharem objetivos semelhantes: buscam conhecimento, querem se formar, batalham um lugar ao sol”.


Foto: Daniele Rolim


Andressa Rebecca – Estudante de Administração na UPE
“A vaidade aparece nos acessórios, bolsas, sapatilhas ou rasteiras, pois é de acordo com as barreiras do dia a dia que nós procuramos a leveza de ir estudar usando jeans e camiseta”.


Foto: Daniele Rolim


Sayonara Carvalho – Estudante de Publicidade e Propaganda na Favip
“A Favip é uma instituição bem jovial, que busca a cada dia inovar e trazer o que tem de mais moderno para seus alunos (cursos, profissionais qualificados, etc.)”.


Foto: Arquivo pessoal

Rianny Vieira – Estudante de Fisioterapia na Asces
“Estilo de vida cada um teu o seu, sempre no corre-corre, os mais novos só querem saber de festas e de brincadeiras, mas quando o assunto é estudo, todos se esforçam ”.
Beijos e até a próxima postagem!
Dani Rolim

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Costureiras e Sulanca movem Caruaru


Estarei postando durante uma semana as minhas matérias que estão na Revista Cores & Fios, que foi o meu trabalho de conclusão da graduação em Jornalismo, aprovado com nota máxima. O trabalho foi apresentado no dia 01/12/2010 na Faculdade do Vale do Ipojuca - FAVIP, com minhas amigas Flávia Marially e Lylian Nascimento, com orientação da professora Iraê Mota e diagramação de Johnny Pequeno. A Cores & Fios é uma revista de moda que tem como foco a moda Caruaruense.

Cores & Fios 1º Edição - Modelo de capa: Ingrid Cibelle

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Matéria de capa




Costureiras e Sulanca movem Caruaru


De um lado, costuras perfeitas, preço alto, caimento ideal, grandes volumes e exclusividade. Do outro, produção em série, preço baixo e muita, muita fama. Da perfeição de quem faz costura em ateliês e o grande espaço para vender as peças produzidas para a Feira da Sulanca. Como Caruaru consegue lidar com esse duelo?

Os ateliês vazios em algumas épocas do ano e feira lotada quase o ano todo. O que deve ter acontecido para que o costume de ir a costureiras fosse trocado por ir à feira e lojas comprar roupas prontas para vestir? Hoje, a velocidade do mercado no setor de vestuário é muito rápida, a exigência de maior quantidade de peças em menos tempo é o ideal das empresas e confecções, mesmo que pequenas.

O designer e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Charles Leite explica que essa troca de atitudes é decorrente de uma profissionalização no setor. “O mercado exige uma estrutura diferente daquilo que se fazia antigamente. É como se vivêssemos uma nova revolução industrial, onde as empresas e os profissionais estivessem cada vez mais alinhados aos sistemas de produção em massa”, analisa. As costureiras, por sua vez, fabricam menos peças, mas, como continua o professor Charles, “se uma empresa, mesmo que informal, não atinge um volume mínimo de vendas, ela está fadada ao insucesso ou fracasso”.




Um pouco de história


Antigamente, quando as roupas obedeciam a um padrão, diferenciadas por serem masculinas e femininas, não existiam opções, mas sim elementos que mostravam o poder que cada um detinha, ou seja, a posição social que o indivíduo ocupava. Assim, como diz a história do vestuário, começaram a surgir, no período da Idade Média, as variações de roupas, quando os burgueses começaram a imitar as vestimentas dos nobres. E os nobres, por sua vez, começaram a produzir roupas cada vez mais, a isso deu o surgimento da moda, como caráter de mudança, de diferenciação.

O ponto chave nessa história é que as roupas eram feitas todas por encomenda em costureiras e alfaiates, não existia o que chamamos de “prêt-à-porter”, em português, “pronto pra vestir”, que são as roupas produzidas em série.

A dona de casa Maria Olivia nasceu em 1931, na época em que o homem começava a viver grandes descobertas na ciência e tecnologia. Hoje, com uma bagagem de 79 anos de experiências, ela consegue enxergar as mudanças que ocorreram no modo de fazer vestuário em Caruaru. “Tudo mudou. Eu já fui costureira no tempo em que as roupas eram feitas à mão usando agulha e linha. Costurava pra mim e pra fora, fazia calças, vestidos e até roupas intimas todas à mão. Também tive a oportunidade de usar a máquina de costura, que manuseávamos com a mão e depois com os pés. Hoje tudo é mais fácil, eu me espanto cada dia e sou feliz em poder ainda ver essas mudanças acontecerem”, revela.

O que Maria Olivia observa diz respeito ao surgimento de processos e maquinários que aumentam mais a produção e aceleramento da mesma. Por isso, atualmente, mandar fazer roupas é opção para pessoas que desejam se diferenciar pela exclusividade e caimento da peça e que podem esperar para elas ficarem prontas, pois o comportamento do consumidor moderno é comprar a roupa no dia da festa.




Costureiras em Caruaru


Em Caruaru, a prática de mandar fazer roupas já foi constante. Após o surgimento das confecções e indústrias, essa atitude deixou de ser frequente, ela volta a aparecer apenas nos períodos de festas de formatura e casamentos. A mania do momento é tirar os modelos da internet, as clientes acessam os sites e levam para as costureiras. O que acontece é uma cópia de uma moda que já existe, isso ocorre também com modelos tirados de novelas, filmes, celebridades e vitrines de lojas de grandes marcas.

Joyce Almeida, 28 anos, manda fazer roupas para casamentos e formaturas, o motivo da preferência é por poder levar o modelo que quer. “Eu gosto, pois mando fazer o modelo de minha escolha. Sempre fico satisfeita com o serviço das costureiras.”

De acordo com a costureira Maria Marilac, de 44 anos, que trabalha há 30 anos com essa profissão, os modelos das roupas são elaborados de duas formas. “Existem clientes que já trazem o modelo e outras que me perguntam o que veste melhor, daí eu sugiro o modelo ideal para cada corpo. As pessoas veem um modelo na revista e acham que vão ficar igual, então, como já tenho experiência no assunto, ajudo cada pessoa conforme a necessidade”, explica.

Mas será que ainda é possível viver de costura, Caruaru sendo dona da Feira da Sulanca e do Polo Comercial? Marilac responde que sim, e muito bem. “Faço a quantidade de roupas que eu quiser e sempre tenho um bom dinheiro. Minha costura tem alto padrão, então não é todo costureiro que consegue fazer o meu trabalho, isso valoriza o que faço e ainda por cima torna meu trabalho qualificado."


A Feira da Sulanca e o Polo de Confecções


De acordo com o censo econômico do Sebrae, o Polo de Confecções, que inclui as cidades de Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru, tem 70 mil máquinas, abrange 78 mil operadores e produz em torno de 200 milhões de peças de roupas por ano. Caruaru possui significativa participação nessa produção por possuir a Feira da Sulanca, que incentiva a economia da cidade.

Segundo o historiador José Urbano, a feira tem uma importância extraordinária para a economia do Estado e particularmente de Caruaru. “Isso ocorre em razão de não necessitar de mão de obra especializada, absorver o mercado informal, movimentar todos os setores da economia (primário, secundário e terciário), envolver grandes somas de dinheiro semanalmente, fortalecer a arrecadação municipal e pela facilidade de escoamento da produção alcançar todos os Estados do Nordeste e em alguns casos transpor as fronteiras geográficas dessa mesma região. Classifica-se na categoria popular, consumida por um público das classes C e D, mostrando a força da nossa cultura nos aspectos de cores, design e modo de vida”, explica.

Walquiria Silva, 22 anos, compra roupas na feira por fazer parte da cultura local, mas destaca alguns problemas. “Tem o problema da cópia e que ‘tudo’ que tem em um banco tem em outro. Algumas roupas possuem bom acabamento, enquanto outras se descosturam facilmente ou não tem modelagem. Então a maioria das roupas que compro é para usar em casa e ir à praia.”

As pessoas que fabricam as peças para vender na feira usam essa profissão como única para o sustento da família, algumas delas não têm conhecimento de como contribuem para o crescimento da cidade e que são produtoras de moda, mesmo que ainda sem especialização. A comodidade, pouca criatividade e questões relacionadas à qualidade e caimento levam à desvalorização do trabalho. Muitas das roupas produzidas são cópias de modelos de novelas ou de grifes famosas. O que chama bastante atenção é que muitos dos fabricantes não sabem o que significa moda.

Julia Santos, 42 anos, e Zilda Maria, 40 anos, são donas de fábricas de camisas e bermudas, respectivamente. Elas vendem as peças na Feira da Sulanca. Quando questionadas se vendiam moda, as duas, em entrevistas distintas, tiveram a mesma resposta, sem saber o que significa responderam que vendiam todo ano. Isso mostra como o perfil de inovador não faz parte delas, elas vendem o mesmo modelo o ano todo.

Caruaru, com o potencial que tem e reconhecida pelo que fabrica, pode se tornar melhor, com o investimento em minicursos para quem trabalha nesse setor, com palestras e estratégias de negócio, como outras formas para incentivar e consequentemente promover mais o crescimento pessoal de cada um e da cidade. Uma das características da moda é a mudança, por isso se faz necessário esse novo perfil de atuação na cidade.

Beijos e até a próxima postagem!
Dani Rolim

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O que é moda?

Infinitas dúvidas nos rodeiam o tempo todo!


Quando entrei na Universidade pensava que moda era apenas roupa, assim como eu, devem existir muitos que pensam dessa forma. Que moda é roupa e ponto final. Mas com algumas disciplinas e disposição para entender o processo fui descobrindo o grande mundo fascinante que ela é.

Vamos ao significado e algumas características:

A palavra moda “[...] vem do latim modus, significando ‘modo’, ‘maneira’.” (PALOMINO, 2003, p.15), ela “[...] gera empregos, porque é uma indústria, e, como tal, obriga à renovação, ao consumo e, portanto, à circulação de dinheiro” (COBRA, 2007, p.23) é “[...] um sistema que acompanha o vestuário e o tempo, que integra o simples uso das roupas no dia-a-dia a um contexto maior, político, social, sociológico.” (PALOMINO, 2003, p.14).
Assim entendemos que falar de moda é muito mais do que falar de roupa, ela é comportamento, jeito de ser e ver o mundo, comunicação e significados. Coaduna-se com essas reflexões Marta Feghali (2008, p.22) quando ressalta que “Na cultura industrial, o vestuário e cada uma de suas peças, tanto quanto os eventos a eles ligados, serão reconhecidos e percebidos, tendo sido seus discursos previamente significados num processo social de comunicação”.

Moda é comunicação. As pessoas se vestem para comunicar, para transmitir uma mensagem sobre si ou aquela que deseja ser. Essa é uma das faces da moda mais encantadora que eu destaco.

Veja essa imagem:


A mulher sem roupa, acessórios, sem falar, brutamente em um espaço vazio, sem nada que pode falar sobre ela, fica difícil de definir.

O que fica escondido em relação à moda, muitas vezes, é como ela completa o quadro histórico das sociedades, isso porque ela reflete costumes e hábitos do modelo de organização social. De acordo com Crane (2006), a escolha do vestuário propicia um excelente campo para estudar como as pessoas interpretam determinada forma de cultura para seu próprio uso, ou seja, só consumimos aquilo que consideramos ser do nosso estilo, nós formamos grupos ou entramos no que já está formado!


Referências:

COBRA, Marcos. Marketing e Moda. São Paulo: Senac São Paulo; Cobra Editora e Marketing, 2007.

CRANE, Diana. A moda e seu papel social: classe, gênero e identidade das roupas. Tradução Cristina Coimbra. São Paulo: Senac São Paulo, 2006.

PALOMINO, Érika. A Moda. 2.ed. São Paulo: Publifolha (folha explica), 2003.

Imagens disponíveis em:

http://www.clubedacalcinha.com.br/blog/wp-content/uploads/2010/11/duvida.jpg

http://www.opperaa.com/userfiles/image/moda/2009/09/pense_moda.jpg


Beijos e até a proxima postagem!
Dani Rolim

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O motivo

Fazer a primeira postagem tornou-se pra mim uma tarefa nada fácil. As palavras que escrevo transmitem um pouco do nervosismo, ansiedade e satisfação que sinto. Por isso pra primeira de tantas outras postagens que desejo realizar, optei por falar não sobre moda ou jornalismo de moda, mas fazer diferente como se, por exemplo, fosse o primeiro encontro, em que eu munida de tantas sensações tentasse conquistar o outro (leitores) e explicar um pouco de mim (do blog).
Para começar menciono o motivo da criação desse blog, para os que me conhecem a cobrança dessa realização foi constante, para outros eu demorei muito para fazer. Explico agora minha demora! Ao analisar tantos blogs destinados a moda, percebi como ela é tratada muitas vezes tão superficial e limitada a fotos de combinações que sugerem ao leitor a maneira certa de se vestir. Então qual seria o diferencial do pauta de moda? Falar de moda de maneira jornalística, não focar em desfiles ou falar qual roupa você vai usar, mas tratar a moda como uma ferramenta social, ela da mesma forma que a educação, saúde, política, economia, entre outros temas também faz parte da nossa vida, muito mais do que imaginamos, ela é presente em todas as partes, incluindo na cidade de Caruaru, onde o setor modista é imenso, mas o conhecimento sobre o que vem a ser moda ainda é precário.
O meu interesse por jornalismo de moda não veio da infância, não teve quem incentivou, ele foi construído aos poucos tendo inicio quando entrei para os cursos de Jornalismo e Design ao mesmo tempo, eu encontrei uma forma de unir os dois, ainda é impossível pra mim dizer de qual gosto mais.
Minha função aqui não é ter respostas, mas debater as perguntas que escuto todos os dias incluindo as infinitas que tenho, assim, minha função também é aprender, questionar, refletir.
Estarei aceitando sugestões de assuntos para tratar aqui.

Beijos e até a próxima postagem!
Dani Rolim