terça-feira, 1 de março de 2011

Moda nas instituições de ensino superior de Caruaru

MATÉRIA DE CAPA



Quem nunca escutou as frases: “Aquela faculdade é um desfile de moda” ou “As pessoas vão estudar parecendo que vão à praia”. Essas expressões são comuns nos discursos dos jovens estudantes de Caruaru. Cada um obedecendo ao estilo próprio, eles formam um universo de representações que podem ser notados por todos.

Havaianas nos pés e mochilões nos braços, salto alto agulha e maquiagem impecável. Esses são os diferentes conceitos dados a quem estuda nas cinco principais instituições de ensino superior de Caruaru. Individualmente, cada estudante é de um jeito, mas, juntos, eles conseguem formar identidades.

Antes de optar por fazer um curso superior, os alunos tiveram que passar por colégios e escolas, sejam públicas ou privadas, que os ordenaram a vestir fardamentos que os tornavam iguais, como diz a professora Andrea Costa, mestre em Desenvolvimento de Processos Ambientais. “No momento em que os alunos estão frequentando uma instituição de ensino, um dos elementos de identificação e de uniformização, capaz de tornar todos os indivíduos iguais perante o julgamento da moda, é o fardamento”, explica.

Ao entrarem na graduação, os alunos não querem mais se igualar, as “leis” que tinham nas escolas são abolidas e abrem espaço para construção de imagens individuais ou de grupos. A primeira liberdade concedida é na maneira de se vestir, a segunda na de se comportar, como, por exemplo, sair da sala sem pedir permissão ao professor.

A respeito disso a professora Andrea Costa menciona: “Seja em instituições de ensino pública ou privadas, o vestuário também poderá passar
conceitos subjetivos e intangíveis, elevando o status ou tornando um elemento discriminatório pelo pré-julgamento do vestuário. Tudo isso está muito ligado ao fator simbólico do vestuário”, conclui.

Isabella Morais (22) é estudante do curso de Design da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ela comenta sobre como vê o comportamento dos estudantes. “De forma geral, observo um comportamento jovial nos estudantes da UFPE. Há exceções, mas são ínfimas diante da maioria. Ressalto que jovialidade é diferente de juventude. Não sei ao certo como ou porquê, mas vejo no ambiente universitário lugar propício pra esse tipo de comportamento mesmo com as variáveis da faixa etária”, afirma.

A UFPE é a que lida com o maior número de comentários, não se sabe se é por ser uma universidade grande, pública e com nome reconhecido, que os estudantes dela são vistos como “largados”, com estilo básico e diferenciado. “São pessoas que muitas vezes passam o dia inteiro fora de casa, por isso buscam o conforto seja com as ‘havaianas’, rasteiras diversas, ou com os ‘all stars’; estão sempre com bolsas imensas - maxibolsa ou mochilas - como se pudessem carregar o seu universo. São irreverentes e sérios, são diferentes e inconsequentes, são meninos e meninas que se destacam, que se perdem na multidão; não há um modelo, porque não há padrão, e se porventura houver, está ‘despadronizado’”, explica Isabella.

Semelhante à UFPE está a Universidade de Pernambuco. Andressa Rebecca (21), do curso de Administração com ênfase em Marketing de Moda, também concorda que a vida de estudante é corrida. “A maioria dos estudantes da UPE trabalha de dia e estuda à noite, portanto, o estilo dos alunos é mais despojado, sempre confortável, mas sem deixar de lado a vaidade. Nós usamos jeans, vestidos soltos, bolsas grandes e batinhas”, completa.

Nas faculdades particulares, o fator econômico é uma das possibilidades de resposta às perguntas sobre o motivo que leva os estudantes a se arrumarem tanto para assistir às aulas. No caso da Faculdade do Vale do Ipojuca, a localização da instituição, que fica no North Shopping, poderia ser uma hipótese, já que ir a esse lugar pede um comportamento visual e comunicativo mais elaborado.

A estudante de Publicidade e Propaganda Sayonara Carvalho (20) destaca que os estudantes da Favip têm um estilo mais comportado. “São pessoas espontâneas, interessadas, comprometidas e totalmente interativas para poder se relacionar da melhor maneira possível com todos; eles vestem roupas casuais e comportadas (calça, blusa, sandália/sapato) por se tratar de uma instituição de ensino superior”.

Na mesma linha da Favip anda a Associação Caruaruense de Ensino Superior (Asces) e a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru (Fafica). Na Asces, segundo Rianny Vieira (20), estudante de Fisioterapia, só em entrar em um ambiente de estudo, as pessoas devem ter um comportamento mais sério, voltado para a nova realidade, para ela isso também vale para a maneira de se vestir. “A maioria se veste pra impressionar, tudo muito elegante, roupas finas, saltos, mas existe também quem se vista à vontade, do seu jeito, shorts, sandálias, bem à vontade”. Já na Fafica, Emanuela Iarla (22) admite que o estilo da instituição varia muito. “Visto o que for de acordo com a ocasião, desde o básico, uma calça e blusa, até vestido longo”.

Observando essas instituições localizadas em Caruaru, é possível perceber como a moda é presente mesmo quando os alunos estão assistindo à aula ou mencionam o lugar que estudam, eles estão comunicando um pouco de si e um pouco da própria moda. O jeito de ser está diretamente ligado ao que fazem e onde fazem.

Assim, não existe um padrão nas instituições, elas mantêm relações entre si no que se refere à postura e diversidade de estilos. O “não” para eles foi extinto, abrindo lugar a uma geração de jovens estudantes criativos que podem “tudo”, desde que não fuja do estilo próprio de cada um.


Foto: Daniele Rolim


Isabella Morais – Estudante de Design na UFPE

“Mas o que é ‘comportamento’? Modo de comportar-se, procedimento. Assim, aproveito o ensejo e respondo: na universidade, o estilo de vida e o jeito de falar, entre outras coisas, refletem uma imensa pluralidade, afinal, são pessoas de vários lugares, com referências culturais diferentes, entretanto, ao mesmo tempo, são tão iguais por compartilharem objetivos semelhantes: buscam conhecimento, querem se formar, batalham um lugar ao sol”.


Foto: Daniele Rolim


Andressa Rebecca – Estudante de Administração na UPE
“A vaidade aparece nos acessórios, bolsas, sapatilhas ou rasteiras, pois é de acordo com as barreiras do dia a dia que nós procuramos a leveza de ir estudar usando jeans e camiseta”.


Foto: Daniele Rolim


Sayonara Carvalho – Estudante de Publicidade e Propaganda na Favip
“A Favip é uma instituição bem jovial, que busca a cada dia inovar e trazer o que tem de mais moderno para seus alunos (cursos, profissionais qualificados, etc.)”.


Foto: Arquivo pessoal

Rianny Vieira – Estudante de Fisioterapia na Asces
“Estilo de vida cada um teu o seu, sempre no corre-corre, os mais novos só querem saber de festas e de brincadeiras, mas quando o assunto é estudo, todos se esforçam ”.
Beijos e até a próxima postagem!
Dani Rolim

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