quinta-feira, 24 de março de 2011

Cultura do Copismo

Quando assistia aula de Introdução à pesquisa em moda ontem, um tema muito interessante foi levantado por um grupo de alunos. Eles falavam da moda Caruaruense que ainda precisa e muito encontrar uma identidade própria. E eu com minhas horas do dia lotadas de trabalhos de design, encontrei um tempinho para discutir sobre esse assunto aqui no Pauta de Moda e que é um dos tópicos que levantarei na minha monografia de Design que se Deus quiser será apresentada em dezembro.

Bom, vamos aos fatos. Caruaru é rico no setor têxtil, mas alguém já passando pelo centro da cidade ou pelo Pólo Comercial fez comparação das vitrines? Se não fez, faça isso, vocë notará que a maioria delas seguem um padrão, ou seja, elas se parecem, é como se todo mundo frabricasse as mesmas peças, a mesma modelagem, a mesma estampa, o mesmo preço.

Outra coisa bem comum é saber que o que é moda nas novelas vai estar nas lojas de Caruaru, são cópias e mais cópias e nesse quadro onde fica o designer de moda? Fora do mercado! Pois essa cópia vende e vende muitooo. Se vende, os donos das lojas irão mudar o processo? Não. E Caruaru vai continuando assim, sem moda criativa e original. É claro que não são todas as lojas e também não são todos que compram. Mas se vende, tem público. Temos que levar em consideração que as pessoas estão buscando informações e estão mudando e essas empresas devem seguir seu público.

Ano passado eu entrevistava uma dona de uma fábrica aqui na cidade para o meu trabalho de conclusão de curso de Jornalismo e uma das perguntas era o que é moda, e ela respondeu que vendia o ano todo, para ela a moda é o produto que vende o ano todo. Fiquei ainda mais surpresa quando ela me afirmou que tirava o modelo das roupas da televisão e de pessoas andando na rua, o que ela gosta ela copia. Não com essas palavras, mas usando outros termos os outros três entrevistados mencionavam a mesma coisa.

Na minha opinião falta profissionais atuando nessas empresas, pessoas que contribuam para o sucesso do negócio e que conseqüentemente contribua para Caruaru se tornar conhecido pela sua moda.

Beijos e até a próxima postagem!

Dani Rolim

sábado, 12 de março de 2011

Por que a moda muda?

Gastamos tanto tempo escolhendo roupas, provando, fazendo combinações, além do tempo gastamos dinheiro. Qual o motivo para fazermos isso? Eu encontrei a resposta lendo alguns livros, mas para uma melhor fundamentação e mais próxima de nós, vou citar uma situação comum que já deve ter acontecido com muitos:

Quando estamos andando em algum lugar movimentado, você já viu alguém te olhar da ponta do pé até a cabeça? A resposta com certeza deve ser sim. Você meio sem jeito fica procurando em si algo errado ou então pensa “o que essa pessoa tanto olha, o que será que ela perdeu aqui?”. Bom, isso já aconteceu comigo e não acho nada agradável, mas você já parou pra pensar que essa atitude das pessoas afirma ainda mais que a sociedade é distinta, que existe competição e inclusive imitação. Esses são uns dos tantos aspectos da nossa sociedade e também da moda.

Uma das características do ser humano é ser percebido e muitos de nós deseja muito a exclusividade, isso eu me refiro a moda, mas também a quase tudo na nossa vida. Isso não é egoísmo, é apenas mais uma conseqüência da sociedade que vivemos que nos manipula ao consumo.

Como a moda é ligada ao desejo e satisfação do homem, ela tem que mudar da mesma forma que mudamos. Quando a moda atinge seu ápice ela tem que mudar, pois o individualismo vai querer aparecer e a busca pelo novo também.

Por isso a moda é passageira e intensa.

Se gastamos tempo e dinheiro com roupas, acessórios, sapatos, objetos, entre outros objetos de desejos, nós depositamos nele o nosso desejo satisfeito. Se uma pessoa possui o que você deseja despertará a imitação, mas se muitas outras possuem despertará o gosto pela novidade.

Da próxima vez que alguém te olhar dos pés a cabeça, das duas uma, ou deve ter algo errado mesmo com você ou você possui o que aquela pessoa deseja.


Referência: POLLINE, Denise. Breve história da moda. Editora Claridade, São Paulo, 2007.


Beijos e até a próxima postagem!
Dani Rolim

terça-feira, 1 de março de 2011

Moda nas instituições de ensino superior de Caruaru

MATÉRIA DE CAPA



Quem nunca escutou as frases: “Aquela faculdade é um desfile de moda” ou “As pessoas vão estudar parecendo que vão à praia”. Essas expressões são comuns nos discursos dos jovens estudantes de Caruaru. Cada um obedecendo ao estilo próprio, eles formam um universo de representações que podem ser notados por todos.

Havaianas nos pés e mochilões nos braços, salto alto agulha e maquiagem impecável. Esses são os diferentes conceitos dados a quem estuda nas cinco principais instituições de ensino superior de Caruaru. Individualmente, cada estudante é de um jeito, mas, juntos, eles conseguem formar identidades.

Antes de optar por fazer um curso superior, os alunos tiveram que passar por colégios e escolas, sejam públicas ou privadas, que os ordenaram a vestir fardamentos que os tornavam iguais, como diz a professora Andrea Costa, mestre em Desenvolvimento de Processos Ambientais. “No momento em que os alunos estão frequentando uma instituição de ensino, um dos elementos de identificação e de uniformização, capaz de tornar todos os indivíduos iguais perante o julgamento da moda, é o fardamento”, explica.

Ao entrarem na graduação, os alunos não querem mais se igualar, as “leis” que tinham nas escolas são abolidas e abrem espaço para construção de imagens individuais ou de grupos. A primeira liberdade concedida é na maneira de se vestir, a segunda na de se comportar, como, por exemplo, sair da sala sem pedir permissão ao professor.

A respeito disso a professora Andrea Costa menciona: “Seja em instituições de ensino pública ou privadas, o vestuário também poderá passar
conceitos subjetivos e intangíveis, elevando o status ou tornando um elemento discriminatório pelo pré-julgamento do vestuário. Tudo isso está muito ligado ao fator simbólico do vestuário”, conclui.

Isabella Morais (22) é estudante do curso de Design da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ela comenta sobre como vê o comportamento dos estudantes. “De forma geral, observo um comportamento jovial nos estudantes da UFPE. Há exceções, mas são ínfimas diante da maioria. Ressalto que jovialidade é diferente de juventude. Não sei ao certo como ou porquê, mas vejo no ambiente universitário lugar propício pra esse tipo de comportamento mesmo com as variáveis da faixa etária”, afirma.

A UFPE é a que lida com o maior número de comentários, não se sabe se é por ser uma universidade grande, pública e com nome reconhecido, que os estudantes dela são vistos como “largados”, com estilo básico e diferenciado. “São pessoas que muitas vezes passam o dia inteiro fora de casa, por isso buscam o conforto seja com as ‘havaianas’, rasteiras diversas, ou com os ‘all stars’; estão sempre com bolsas imensas - maxibolsa ou mochilas - como se pudessem carregar o seu universo. São irreverentes e sérios, são diferentes e inconsequentes, são meninos e meninas que se destacam, que se perdem na multidão; não há um modelo, porque não há padrão, e se porventura houver, está ‘despadronizado’”, explica Isabella.

Semelhante à UFPE está a Universidade de Pernambuco. Andressa Rebecca (21), do curso de Administração com ênfase em Marketing de Moda, também concorda que a vida de estudante é corrida. “A maioria dos estudantes da UPE trabalha de dia e estuda à noite, portanto, o estilo dos alunos é mais despojado, sempre confortável, mas sem deixar de lado a vaidade. Nós usamos jeans, vestidos soltos, bolsas grandes e batinhas”, completa.

Nas faculdades particulares, o fator econômico é uma das possibilidades de resposta às perguntas sobre o motivo que leva os estudantes a se arrumarem tanto para assistir às aulas. No caso da Faculdade do Vale do Ipojuca, a localização da instituição, que fica no North Shopping, poderia ser uma hipótese, já que ir a esse lugar pede um comportamento visual e comunicativo mais elaborado.

A estudante de Publicidade e Propaganda Sayonara Carvalho (20) destaca que os estudantes da Favip têm um estilo mais comportado. “São pessoas espontâneas, interessadas, comprometidas e totalmente interativas para poder se relacionar da melhor maneira possível com todos; eles vestem roupas casuais e comportadas (calça, blusa, sandália/sapato) por se tratar de uma instituição de ensino superior”.

Na mesma linha da Favip anda a Associação Caruaruense de Ensino Superior (Asces) e a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru (Fafica). Na Asces, segundo Rianny Vieira (20), estudante de Fisioterapia, só em entrar em um ambiente de estudo, as pessoas devem ter um comportamento mais sério, voltado para a nova realidade, para ela isso também vale para a maneira de se vestir. “A maioria se veste pra impressionar, tudo muito elegante, roupas finas, saltos, mas existe também quem se vista à vontade, do seu jeito, shorts, sandálias, bem à vontade”. Já na Fafica, Emanuela Iarla (22) admite que o estilo da instituição varia muito. “Visto o que for de acordo com a ocasião, desde o básico, uma calça e blusa, até vestido longo”.

Observando essas instituições localizadas em Caruaru, é possível perceber como a moda é presente mesmo quando os alunos estão assistindo à aula ou mencionam o lugar que estudam, eles estão comunicando um pouco de si e um pouco da própria moda. O jeito de ser está diretamente ligado ao que fazem e onde fazem.

Assim, não existe um padrão nas instituições, elas mantêm relações entre si no que se refere à postura e diversidade de estilos. O “não” para eles foi extinto, abrindo lugar a uma geração de jovens estudantes criativos que podem “tudo”, desde que não fuja do estilo próprio de cada um.


Foto: Daniele Rolim


Isabella Morais – Estudante de Design na UFPE

“Mas o que é ‘comportamento’? Modo de comportar-se, procedimento. Assim, aproveito o ensejo e respondo: na universidade, o estilo de vida e o jeito de falar, entre outras coisas, refletem uma imensa pluralidade, afinal, são pessoas de vários lugares, com referências culturais diferentes, entretanto, ao mesmo tempo, são tão iguais por compartilharem objetivos semelhantes: buscam conhecimento, querem se formar, batalham um lugar ao sol”.


Foto: Daniele Rolim


Andressa Rebecca – Estudante de Administração na UPE
“A vaidade aparece nos acessórios, bolsas, sapatilhas ou rasteiras, pois é de acordo com as barreiras do dia a dia que nós procuramos a leveza de ir estudar usando jeans e camiseta”.


Foto: Daniele Rolim


Sayonara Carvalho – Estudante de Publicidade e Propaganda na Favip
“A Favip é uma instituição bem jovial, que busca a cada dia inovar e trazer o que tem de mais moderno para seus alunos (cursos, profissionais qualificados, etc.)”.


Foto: Arquivo pessoal

Rianny Vieira – Estudante de Fisioterapia na Asces
“Estilo de vida cada um teu o seu, sempre no corre-corre, os mais novos só querem saber de festas e de brincadeiras, mas quando o assunto é estudo, todos se esforçam ”.
Beijos e até a próxima postagem!
Dani Rolim